sábado, 15 de junho de 2013

A ARTISTA PLÁSTICA (INSTITUTO PIUM DE CULTURA) DERRAMA SUAS AQUARELAS NUM TEXTO MAGNÍFICO E NUM POEMA SOBRE O RIO POTENGI.



Amo Natal, com todas as cores da minha paleta e sutileza dos meus pincéis. Da varanda vejo o mundo. Esse mesmo mundo onde me perco, quando viajo nas asas do pensamento. Ao léu de uma embarcação clandestina, tão fora de lei quanto as páginas amarelas do tempo, querendo se impor e, nada mais podendo, a não ser ficar registrada na memória dos historiadores, pesquisadores, estudantes...

O forte, a Fortaleza dos Reis Magos, de Jesus em 25 de dezembro. Faz tanto tempo que nem me lembro. Recordo-me das tribos potiguares que mais que os milhares contribuíram e fizeram nossa história, de luta, de guerras pela posse da terra. De Felipe Camarão, a Djalma Maranhão e até os dias atuais. A história transcorreu entre conquistas, derrotas... Sonhos que findaram, homens que ficaram para sempre, na certeza de que um dia haveria paz, comida trabalho, escolas para todos. Com o pé no chão, o carro na contra mão da vida, sem guarida, minha menina, cheia de palácios e quartéis.
Fitei o mar na sua dourada calma, quando o sol beijava suas águas, depois prateado de lua, ele me convida, nua, para um eventual caso de amor. Queria que fosse sempre assim. Tapioca com ginga, água de coco, suco de caju, menos a carona indecente em frente ao Malibu. Praia do meio e ladeira do sol. Queria ver essas meninas inseridas no contexto social, promovendo o turismo cultural.
Natal, mesmo assim, tão irreal, um pouco, um tanto quanto impressionista... Talvez futurista... Moderna, o que pensar? Da velha e colonial Ribeira, modernizando-se ou apenas, restaurando seu patrimônio, tudo é tão natural. Até mesmo o velho Hotel Ducal esquecido, despercebido. Ninguém quase ouve mais falar do Café Nice, de Maria Boa, Vila Velha, Iara Bar... Café São Luiz, “Qualquer Coisa”, Nasi. Mas, ainda resiste o Zás-Trás e o Centro de Turismo.
Recomendo o percurso pela Via Costeira para se chegar à linda e exuberante praia de Ponta Negra e poder curtir a paisagem, não existe nada igual, só mesmo Genipabu, a eterna Geni. Areia Preta é uma praia surrealista, parece um sonho. As praias dos Artistas, do Meio e do Forte, protegidas e festejadas pelas mães de santo, e Iemanjá. Da praia da Redinha temos o panorama da cidade do Natal.
Ontem, fui à Pedra do Rosário, confessei meus pecados à Santa Padroeira, de não poder visitar o Canto do Mangue. De sufocar meu pranto nas águas do Rio Potengi. Foi ali que comecei a amar o pôr do sol de minha cidade, quando adolescente me embriaguei de amor em overdose de poesia. Não pude conter as lágrimas. A emoção invadia minha alma, e, na triste calma do rio, deixei navegar minhas lembranças. Caminhei no calçadão da João Pessoa desci para o Alecrim. Fazia tempo que não transitava entre os camelôs e atravessava a rua do antigo relógio. Não parei para ver a banda e a hora passar.
Naquele momento senti saudades de minha rua, a primeira rua que morei, quando chegue em Lagoa seca, a São João... A igreja, o Baobá, da Rua São José. Dona Zefinha que vendia alfinim e Maria Nogueira, a costureira, todo mundo conhecia. A escola Mascarenhas Homem, onde estudei, a bodega de seu Nequinho, onde vovô jogava e passava o jogo do bicho. Em um minuto recordei minha história. E agora me transporto para as Rocas, Santos Reis e Brasília Teimosa e assim, poder viajar nas asas da imaginação ou na rabiola de uma pipa em direção ao mar, esse mar tão verde-azul no cio, quando encontra o rio... (Retomando o texto, oito anos depois). E assim, Natal continua lindacontinua, passam os anos, a paisagem se modifica, fica até difícil reconhecer Natal, quém esteve aqui há 15 anos por exemplo.Uma nova ponte mar a dentro, ligando o forte com a.Uma nova ponte mar a dentro, ligando o Forte com a Redinha, quem diria... Nilton Navarro, jamais vão esquecer. Grandes homens que ficaram para sempre na memória da nossa gente, Câmara Cascudo e Deífilo Gurgel, cada um no seu tempo, contando e refazendo a história´patrimônio imaterial da nossa cultura. Entre tantos, Chico Daniel, Zé Menininho, Chico Miséria, os artista plástico, Dorian, Tomé, Assis Marinho. Poetas,e amantes, músicos, Pedrinhpo Mendes... a belesa de ser simplesmente... Natal, como é linda Natal. Músicos, artesãos e todos que constroem, edificam e promovem essa cidade, no panarama nacional,e por que não dizer na rota internacional. Por tudo isso amo Natal. Natal, como eu te amo.
Goreth Caldas.


RIO POTENGI

É tarde na ribeirinha
Às margens do rio Potengi
Entre palafitas, casas... e poesia Eis que surge amarelando o mangue Um lindo visual. Silhuetas de barcos, homens Braços que se enlaçam...
Na dourada calma do rio.
É noite na Pedra do Rosário
Muda a paisagem
O rio parece pesado A borra e o vômito da cidade
Se escondem na clandestinidade.
É manhã no manguezal
O lixo maldito das carências humanas
Ainda bóia ou se perde
Na lama de overdose e de “Vênus” Falta de afetos... Fetos.
Mortos ou náufragos rebeldes.
Homens e mulheres... peixes
São tantas redes
Crianças que nascem de dia
Morrem na calada da noite
Mas que precisam viver
Com dignidade humana Precisam também de um barco , para mergulhar sonhos.
E nada mais


Goreth Caldas
Pirangi do Norte, 09 de junho de 2013.

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