sábado, 18 de janeiro de 2014

O BRILHO DE UM ARTISTA - LÚCIA HELENA PEREIRA..


O BRILHO DE UM ARTISTA


 Por que será que aquela estrela, perto da menorzinha (pelo menos vista à distância), o que será que lhe faz ganhar tal brilho, ofuscando as demais? A lua respondeu: É por causa da pureza e bondade do seu coração agradecido e humilde, que a sua luz resplende, com mais intensidade! Começei a apreciar a arte do " cake designer" - ROBINSON CÂMARA - em meados desta década, numa festa de quinze anos. Eu contemplava aquela obra de arte - o bolo - exibindo delicadas nuanças. Perguntei quem seria o autor da rica obra e não obtive resposta. Bem mais tarde voltei a contemplar as sutilezas daquela nobre arte, seus pequeninos e grandes detalhes, a mistura de cores, os laços, as flores, as delicadas guirlandas, os lindos enfeites parecendo organdi branco. Tudo me parecia tão real! Cheguei a tocar naquele pedaço de poesia, quase sentindo a sua suavidade e consistência, como seda, algo fino deslizando sob os meus dedos intrusos. Quanta arte e poesia impreganadas de perfeição, algo inconsútil, emocionante, que fez agradecer a Deus o privilégio de ter olhos sãos, para enxergar aquela aqüarela desmaindo-se sobre tantos e belos tons, e formas - tão castos - e aromas suaves. Saí desse aniversário levando essa visão: o brilho de um artista! Tempos depois fui a outro aniversário e lá estava um bolo azul, com fios e drapeados prateados e brancos. Algo impressionante, quase surreal. Demorei o meu olhar sobre aquele azul poemático, ao mesmo tempo agressivo, pela força da cor! Um azul que comumente chamamos de "cheguei"! E veio ao meu olhar como um poema, não um bolo, um poema-bolo de beleza incomparável. Parecia uma tela, ao mesmo tempo, um quadro de giz, onde era possível escrever com açúcar! Dentro dessas divagações ouvi uma voz: "Olá, Robinson, esse bolo está, simplesmente, maravilhoso"... E Robinson agradeceu e sorriu com simplicidade, dedicando o seu olhar de satisfação, bondade e ternura, à sua explosão emocional, à sua arte, naqueles instantes, sujeita a apreciação do público. Ele sabia que sua arte estava bem acima daquelas pequeninas palavras, sabia do seu talento e irretocável supremacia diante das cores e formas que sabia dar ao seu trabalho. Ele sabia sim, que o seu brilho vinha de algum lugar da sua imaginação, e se expandia! Sabia, acima de tudo, desde menino, assistindo sua mãe trabalhar, com bolos artísticos, que sua fonte iria jorrar. A mesma fonte, a arte, o mesmo talento, aprimorado com novas técnicas através dos cursos que vão lhe emprestando mais criatividade às suas obras. Naqueles breves momentos vi o menino diante do seu bolo azul, um azul forte, profundo! Nele o artista contemplando seus rios, planícies e jardins de estações diversas. Robinson seguiu os rastros do seu sol e iluminou-se do clariazul das florestas, do ouro da aurora boreal, transbordando, da sua rica inteligência, os mais primorosos modelos, cospindo azuis e brancos, vermelhos e dourados, verdes e perolados, arrastando o véu de luz do esplendor de sua alma, borrando e esfumaçando, com a mancha limpa de sua genialidade, a sua criação. Até hoje, ao meu ver, ninguém foi capaz de um conceito maior sobre a arte, do que o pintor italiano Michelangelo, sobretudo quando evoca: "O artista! É bem mais do que um homem. Tem o coração de um deus, creio. Coloca-se entre os homens e Deus, formando entre ambos, um elo intermediário. Vive no mundo, entretanto, tem um mundo em si mesmo"... Com o pensamento lapidar do gênio da arte italiana, rebusco em mim essa contemplação diante do belo, esse êxtase, esse prazer de falar sobre o artista - ROBINSON CÂMARA - que enfeita nossas festas, produzindo em nós emoções distintas, diante da imponência de sua arte. Uma arte palpável, ao mesmo tempo intocada durante algumas horas, para que o espírito do olhar fecundo, faça brotar a sua poesia interior e se manifestar em ouro, luz, claridade! E ROBINSOM tem essa luz, esse brilho intenso. Ele é um artista por excelência. As cores são a família do seu trabalho; as luzes - seus irmãos espirituais; as flores - suas cúmplices diletas, as formas...são toda a sua catarse emocional que procede da beleza majestosa de suas obras! A arte de Robinson Câmara é a poesia molhada na glace daquela hora...que se faz eterna! 

 (*) Lúcia Helena Pereira Escritora,

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