segunda-feira, 27 de maio de 2013

TAPETE VERMELHO PARA A FOTOGRAFIA - POR FRANKLIN JORGE..

ZELMA FURTADO - DIRETORA DO MEMORIAL DA MULHER.

Transcrito do Novo Jornal (Natal, 26/05/2013)

 TAPETE VERMELHO PARA A FOTOGRAFIA 
Por Franklin Jorge

 No último dia 21 a Pinacoteca abriu à visitação, simultaneamente, quatro exposições de artistas contemporâneos instigados pela fotografia e pelo instinto humano de intervir na realidade, no presente caso, com originalidade e humanismo. Comecemos pela mostra “Ser-Tão Seridó”, da arquiteta cearense, há 14 anos radicada em Natal, Paula Geórgia Fernandes. Ela inaugura a série de nove exposições e intervenções programadas para este ano, na Pinacoteca, reunindo os artistas selecionados em editais de ocupação das galerias, como vem fazendo, todos os anos, a Secult/Fundação José Augusto. Autora de uma obra que se distingue pela singularidade de sua visão das formas e por uma meticulosa produção estética que rompe com os estereótipos e recortes convencionais. Não admira que tenha despertado o entusiasmo do público que esteve no vernissage, numa antecipação ao que o aguardava nas quatro salas do segundo piso do Palácio Potengi, onde ainda podem ser vistas até o dia 21/6 as mostras individuais que compõem o coletivo “Ecos Híbridos”, constituído pelos artistas Alexandre Sequeira, Pedro David e Eustáquio Neves. “Ecos Híbridos” dá continuidade ao projeto didático-pedagógico que elaboramos para nortear a nossa gestão da Pinacoteca, cujo objetivo é justapor teoria (a palavra) e prática (a obra), em exposições pensadas com esse foco e o propósito de contribuirmos para a formação de público para as artes visuais. Graduada pela UFRN, Paula Geórgia dedica-se atualmente a um trabalho autoral e participa da Rede Brasileira de Produtores Culturais em Fotografias. Seu portfólio “Ser-tão Seridó”, foi selecionado para a Mostra de Portfólios no Festival de Fotografia, GuatePhoto 2012, na Cidade da Guatemala, Guatemala. Participou como visitante de diversos festivais de fotografia no Brasil e da edição 2010 do PhotoEspaña. Deixemo-la falar sobre a gênese e o conceito de sua arte impressiva, que pode ser vista e admirada até o dia 21/6: “Fruto de viagens ao Seridó desde 2009, o ensaio fotográfico busca mostrar o sertão pelo olhar de um viajante, revelando uma paisagem ambiental e humana de forma simplificada, carregada de texturas, sombras e a tradicionalidade do sertão potiguar”. São 16 imagens que contam esse caminhar em busca da reflexão do sentimento de Ser sertanejo e valorizar a sua pedra. E agora convido o leitor a subir ao segundo piso da Pinacoteca para apreciar, em exposição, a obra de Alexandre Sequeira (PA), Eustáquio Neves e Pedro Davi (MG), nomes conceituados no circuito da arte contemporânea, usam a fotografia como veiculo de um trabalho estético personalíssimo. “Ecos Híbridos” está percorrendo vários estados brasileiros; de Fortaleza, onde esteve no Centro Cultural Dragão do Mar, e em seguida está desembarcando em Natal. A curadoria é de Geórgia Quintas, doutora em antropologia. Dos três expositores, Alexandre Sequeira foi o único artista que se fez presente ao evento e ministrou durante a tarde da última quarta-feira um workshop para relatar de maneira simples e apaixonante a sua relação com a fotografia e como o artista pode intervir na realidade, contribuindo - como se viu através dos documentários que apresentou e comentou -, como fez, em sua intervenção que a todos cativou, pela intensidade de sua alma desvelada através das relações que criou com a comunidade de Nazaré de Mocajuba, vilarejo de pescadores a 150 quilômetros de Belém, para a qual levou a sua arte e ao mesmo tempo deu aos seus habitantes a oportunidade de sair do de um enquistamento ancestral, fazendo-os participar da criação de uma obra que nos tem comovido e suscitado as mais variadas emoções. A obra não de um mero fotógrafo, mas de um humanista que reflete sobre suas ideias. Seu workshop teve como objetivo analisar propostas artísticas a fim de compreender a fotografia para além de sua avaliação formal ou técnica. Arrematou em grande estilo e calorosos aplausos dos participantes um evento notável que pode ser visto até o próximo dia 21/6. Quem quiser pode acompanhar os comentários sobre “Ecos Híbridos” e “Ser-Tão Seridó” acessando a página Pinacoteca Potiguar no Facebook.
  

A VIRADA CULTURAL 
Natal acompanha a rapidez com que está mudando o cenário cultural com o aporte de novos espaços e uma mentalidade proativa em prol da contemporaneidade. Estamos saindo da cultura popular rural para a cultura popular urbana, para a arte efêmera, para as artes de rua que se traduzem em Hip hop, como diria a curadora da Pinacoteca do Estado, Sayonara Pinheiro. Natal não comporta mais provincianismos. Os coletivos ocupam o vácuo deixado por anos de ações frustradas, de quebra de continuidade, de experimentos sem noção e falta de foco. Uma prova disso é a ação de instituições privadas, como a Casa da Ribeira, que em uma década de ações planejadas tornou-se uma prestigiosa referência no circuito nacional das artes. 

 MEMORIAL DA MULHER 

No último domingo, escrevendo sobre museus, terminei citando alguns que não integram o sistema da Fundação José Augusto, porém esqueci - me de incluir - ai de mim! - o menor deles, em espaço físico, o único, em nossa cidade, a exaltar a mulher intelectual. Obra nascida do idealismo heroico da professora Zelma Furtado -, o Memorial da Mulher. 
Parnaso onde as nossas escritores tem guarida e são guardadas com zelo, a começar pelo culto que rende essa museu particular à memória e ao talento de Nísia Floresta, a primeira de nossas escritoras. Maria Eugênia Maceira Montenegro, Zila Mamede, Myriam Coeli, Alcyone Abrahão, Palmira Wanderley, Nati Cortez, Atenilde Cunha..., que em alguma época se destacaram intelectualmente, reconhecidas e incensadas pela devoção de Zelma à valorização da mulher norte-rio-grandense. 

PINACOTECA NO FACEBOOK Acompanhe as atividades da Pinacoteca do Estado acessando sua página no Facebook, Pinacoteca Potiguar.
 O e-mail é: pinacotecarn@gmail.com 

 PENTIMENTO - Disse Terry Eagleton que a cultura não deve dirigir-se a uma classe específica. Ora - acrescento eu -, todos sabemos que a cultura é inclusiva e fortalece a autoestima, ao unificar, pela magia clarividente da arte, todas as classes sociais. A arte, em síntese, é o começo de todas as partidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário