sexta-feira, 13 de setembro de 2013

FALECEU, EM RECIFE/PE, LILA MARQUES PEREIRA (93 ANOS), VIÚVA DO JÁ SAUDOSO NILO PEREIRA.

 

"Rever é um verbo de grande força criadora, e para rever nem sempre é preciso voltar; basta não esquecer que é uma maneira de viver e sentir sem distâncias as melhores emoções da vida, aquelas que tem o condão de transformar o tempo "Rever é um verbo  num instante de eternidade". Nilo Pereira - (Escritor Cearamirinense 1969)

E hoje, pelo meu querido primo,  Roberto Marques Pereira,  recebo a notícia do falecimento de sua mãe, Lila Marques Pereira, aos 93 anos, viúva de Nilo Pereira.
Costumo dizer que vamos morrendo aos poucos, com os que morrem, e Lila sempre me causou forte impressão, como a esposa dócil, a mãe múltipla, avó e assim por diante.
Nilo Pereira teve sempre, como as maiores inspirações de sua vida: o Ceará-Mirim (com o amado Verde Nasce), a esposa Lila e os grandes livros. Tão grandes que tornou-se, em vida, um deles, ao ser merecedor do prêmio Machado de Assis, por conjunto de obras.
E Lila foi o seu grande amor, seu porto seguro, sua casa, seu conforto e sua alma gêmea. Que o céu os reencontre num amor de almas e Deus receba em Lila, a mulher cristã, virtuosa, que vai deixando sua casa e sua família por um céu rico de luz.
Vai em paz!

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Querida prima Lúcia Helena: 

 Ainda tomado de imensa tristeza, comunico o falecimento de minha mãe, Lila Marques Pereira, 93, que, após sofrimento de quase quatro anos, desde então restrita aos limites de uma cama, ganhou, no dia 28-08-2013, por desígnio de Deus, a vida eterna. Ela deixa como legado o exemplo da dignidade, do amor à família, ao meu pai (Nilo, falecido), aos seus seis filhos, além da ternura de uma mãe que de mãe nunca se exauriu. Mamãe deixa, entre os seus filhos, um “mundo de saudade sem igual”. Fraternal abraço Roberto Pereira.

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 Adeus, mamãe! Roberto Pereira Ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco robertop@elogica.com.br

 Menino eu fui, menino sou, mamãe, porque você educou todos os seus filhos sob o manto da candura e do amor. Este seu filho, perdendo, nos longes de antigamente, o mundo mágico da infância, nunca deixou que saíssem de si os verdes anos. A criança cresceu no adulto, conservada que foi por seu carinho, o leite da ternura humana. Em 1989, num quase poema, em homenagem ao Dia das Mães, disse-lhe: “O tempo tecendo o homem, / O homem esquecendo o tempo.” Desde então, à maneira de Aznavour, “acariciava o tempo e brincava de viver.” Esquecido do tempo, este, acariciado, me fazia brincar de viver. Era assim, é assim até os dias atuais, mamãe, porque o homem, seu filho, esqueceu o tempo e ainda se entretém no faz de conta de se pensar menino – e menino ainda é! Menino dos meus 10 anos, quando lhe pedi de presente uma bola de futebol de couro, à época chamada de balão de couro, e, qual surpresa, chegado o dia, você veio com um embrulho com a forma esférica, o que me fez gritar: “é o meu balão!” Menino, mamãe, que não esquece as vezes em que foi à cidade, para, na Rua da Imperatriz, na loja Capas Argentinas, comprar botões, os “botões de capa,” para o time de futebol de mesa. Alguns, como um amarelo amarronzado, lindo, foi da sua escolha pessoal. Se doente, mamãe, você comprava sapoti e guaraná Fratelli Vita, além de lápis de cor e um caderno de pintura, possibilitando ao menino um divertimento que fazia diminuir as agruras da doença. Então, adoecer não era padecer, porque você fazia os mimos de mãe amorosa. Quantas vezes você, aos domingos, almoçava, com toda a constelação familiar, na minha casa, deixando transparecer imensa alegria em estar na companhia dos seus entes queridos. Elaine, minha esposa, se esmerava no ato de bem receber. Você, mamãe, tão dócil e tão sensível, dizia: “Elaine parece que foi educada na Sorbonne.” Este um afago da sua índole. O imortal Luís Guimarães, ao regressar à casa paterna, desatara comovidamente a chorar, quando sentira que “Uma ilusão gemia em cada canto, / Chorava em cada canto uma saudade.” Este o meu sentimento ao retornar ao sobrado azul da Rua Bispo Cardoso Ayres, onde a sua imagem tanto se incorpora aos quadrantes daquela casa, casa que hoje mora em mim. Nela também geme, em cada canto, uma saudade, a saudade de você, Lila, minha mãe. O seu legado foi o da ternura, da paz e do amor. Encantou-se após longo período de doença que lhe deixou tanto tempo presa aos limites de sua cama. Você teve o carinho dos seus filhos, em especial Fátima, morando com você até o último instante, infatigável na dedicação. Adeus, mamãe! Você deixa entre os seus filhos “um mundo de saudade sem igual.”

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